Queer Lisboa 2015 — Shorts 2



Da comédia adolescente à animação em stop-motion, o lado mais descontraído do cinema queer foi o "prato forte" do segundo dia da Competição de Curtas-Metragens, onde o experimentalismo de CALLAS RELOADED (imagem em baixo) revelou-se um momento de pura e ousada transgressão cinematográfica sobre fama e imortalidade.



From the teen comedy to stop-motion animation, the most relaxed aspects of queer cinema were the main element in the second day of QueerLisboa 2015 Competition for Best Short Film, in which CALLAS RELOADED's experimentalism (pictured above) turned out as a moment of pure and daring cinematographic transgression about fame and immortality.

  • 1. CALLAS RELOADED (Fred Morin)


  • Documentário experimental dedicado à iconografia da cantora lírica mais famosa do Século XX, Maria Callas é aqui reimaginada, por intermédio de um arguto trabalho de montagem, através do enfoque no seu rosto, manifesto complemento dos sentimentos que expressava através da voz, a qual nunca é escutada ao longo desta ovação de seis minutos em forma de curta-metragem.

    The iconography around the most renowned opera singer of the 20th century is the subject of this experimental documentary, reimagining Maria Callas, through the sagacity of the editing room, entirely focused on her facial expressions, a fulfilled complement of the feelings that were mainly expressed through her voice, which is never heard during this six minutes ovation in the shape of a short film.


  • 2. ONE YEAR LEASE (Brian Bolster)


  • A crescente tendência do arrendamento imobiliário conhece aqui curiosa análise, patenteada no zelo excessivo de uma senhoria sem pejo em ocupar a memória de um gravador de chamadas com observações e chamadas de atenção que vão do irrisório ao puramente hilariante. Para gáudio da plateia, a paciência dos dois inquilinos do apartamento visado é limitada, num filme de simples construção formal e convincente ambiente humorístico.

    The growing trend of real estate lensing is curiously exposed through an extremely zealous landlady, with no shame in filling the memory of an answering machine with a bunch of derisive remarks and purely hilarious reminders. For the audience’s joy, the apartment’s tenants have a limited patience, in a feature of simple formal conception and convincing humour.


  • 3. LEFTOVERS (Michelle Citron)


  • Peculiar narração da história de uma mulher que apenas "assumiu" postumamente a sua homossexualidade, o formato apresentado por Michelle Citron — numa série de colagens de fotografias de família — assume um cariz elegante e quase inovador. No entanto, o filme aparenta nunca envolver o espectador, tornando-se paradoxalmente demorado para uma obra com 23 minutos de metragem.

    A singular narrative about the story of a woman who only "assumed" her homosexuality after her death, Michelle Citron produces — through an assemblage of old family photos — an elegant and almost inventive effect. However, the movie becomes ineffectual in engaging the audience, seeming paradoxically long for a feature with 23 minutes long.


  • 4. THAT DAY OF THE MONTH (Jirassaya Wongsutin)


  • Comédia teen sobre descoberta de identidade sexual, a jovial amizade das duas protagonistas (mesmo quando entram em conflito) sobrepõe-se ao próprio argumento, feito dos enganos e frustrações característicos da adolescência. Para quem considera que o cinema tailandês apenas é propício ao género do terror e de dramas surreais, (nome da realizadora) prova que também se respira humor leve nos produtos na filmografia do seu país.

    Teen comedy about sexual identity, the youthful nature of the two female leads’ friendship (even when they quarrel) overlaps the narrative itself, made of the same delusions and bad timings of adolescence. For those who think that thai cinema is only shaped for horror movies and surreal drama, Jirassaya Wongsutin proves that there is also room for light humor in that country's filmography.


  • 5. EDIFÍCIO TATUAPÉ MAHAL (Carolina Markowicz & Fernanda Salloum)


  • Narrado a partir do ponto de vista de um boneco, a forma como a curta aborda o seu dilema existencial — que obrigará, inclusive, a uma operação de mudança de sexo — revela-se uma óbvia paródia às ansiedades humanas face a um quotidiano imprevisível e traiçoeiro. A qualidade da animação em stop-motion é meritória de destaque, assim como a amarga voz-off interpretada por Daniel Hendler.

    The existential dilemma — which will also include a sex change operation — of a model puppet, told from his point-of-view, is a clear satire of all the human anxieties against an unpredictable and treacherous everyday. The stop-motion animation, as well the bitter voice-over provided by Daniel Hendler, are top notch.

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